Intoxicação Alimentar: Sinais e Condutas de Primeiros Socorros
Busque atendimento médico se:
Houver sinais de desidratação grave, febre alta, sangue nas fezes ou vômito, dor abdominal intensa, ou se os sintomas persistirem por mais de 3 dias. Em crianças pequenas, idosos ou pessoas com sistema imunológico comprometido, busque ajuda médica mais cedo.

A intoxicação alimentar ocorre quando consumimos alimentos ou bebidas contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou toxinas. Os sintomas podem variar de leves a graves e geralmente começam algumas horas ou dias após a ingestão do alimento contaminado. Saber identificar os sinais e agir corretamente pode ajudar a aliviar o desconforto e prevenir complicações mais sérias.
Sabia que?
Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1 em cada 10 pessoas adoece por consumir alimentos contaminados a cada ano, e 420.000 morrem por essa causa. Crianças menores de 5 anos representam 40% dos casos, com 125.000 mortes anuais.
Principais causas de intoxicação alimentar
A intoxicação alimentar pode ser causada por diversos agentes, incluindo:
- Bactérias: Salmonella, E. coli, Listeria, Campylobacter, Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Bacillus cereus
- Vírus: Norovírus, Rotavírus, Hepatite A
- Parasitas: Giardia lamblia, Cryptosporidium, Trichinella
- Toxinas: Toxinas naturais presentes em alguns cogumelos, peixes (como o baiacu) e mariscos
Os alimentos mais comumente associados a intoxicações alimentares incluem:
- Carnes cruas ou mal cozidas, especialmente frango e carne moída
- Ovos crus ou mal cozidos
- Frutos do mar crus ou mal cozidos
- Leite e produtos lácteos não pasteurizados
- Frutas e vegetais não lavados adequadamente
- Alimentos preparados em condições não higiênicas
- Alimentos deixados à temperatura ambiente por muito tempo
- Alimentos com data de validade vencida
Sintomas de intoxicação alimentar
Os sintomas podem variar dependendo do agente causador, da quantidade de alimento contaminado ingerido e do estado de saúde da pessoa. Geralmente, os sintomas aparecem dentro de algumas horas após a ingestão, mas em alguns casos podem levar dias para se manifestar.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Náuseas e vômitos
- Diarreia (que pode ser aquosa ou com muco)
- Dores abdominais e cólicas
- Febre
- Dor de cabeça
- Fraqueza e fadiga
- Perda de apetite
Sintomas mais graves que requerem atenção médica imediata incluem:
- Febre alta (acima de 38,5°C)
- Sangue nas fezes ou vômito
- Diarreia severa que dura mais de 3 dias
- Sinais de desidratação (boca seca, pouca ou nenhuma urina, tontura severa)
- Dificuldade para engolir ou respirar
- Visão turva ou fala arrastada
- Fraqueza muscular que se espalha pelo corpo
Primeiros socorros para intoxicação alimentar
A maioria dos casos de intoxicação alimentar é leve e pode ser tratada em casa. Aqui estão as medidas de primeiros socorros que você pode tomar:
1. Mantenha-se hidratado
A desidratação é a complicação mais comum da intoxicação alimentar devido à perda de líquidos através de vômitos e diarreia. É crucial repor os líquidos e eletrólitos perdidos:
- Beba pequenos goles de água frequentemente
- Soluções de reidratação oral (disponíveis em farmácias) são ideais, pois contêm os eletrólitos necessários
- Água de coco natural, chás leves sem cafeína e caldos claros também são boas opções
- Evite bebidas com cafeína, álcool e bebidas muito açucaradas, pois podem piorar a diarreia
Solução caseira de reidratação oral:
Se não tiver acesso a soluções de reidratação comerciais, você pode preparar uma versão caseira:
- 1 litro de água filtrada ou fervida e resfriada
- 1 colher de sopa de açúcar
- 1 colher de chá de sal
- Suco de meio limão (opcional, para melhorar o sabor e adicionar potássio)
Misture bem todos os ingredientes e beba em pequenas quantidades ao longo do dia.
2. Descanse o estômago
Nas primeiras horas após o início dos sintomas, especialmente se houver vômitos:
- Evite comer alimentos sólidos por algumas horas
- Quando os vômitos diminuírem, comece com pequenas quantidades de alimentos brandos
- Evite alimentos gordurosos, picantes, lácteos e alimentos com alto teor de fibras até a recuperação completa
3. Reintrodução gradual de alimentos
À medida que você começar a se sentir melhor, reintroduza os alimentos gradualmente:
- Comece com alimentos leves e de fácil digestão, como torradas, biscoitos de água e sal, arroz branco, purê de batata, banana, maçã ralada
- Siga a dieta BRAT (Banana, Arroz, Maçã, Torrada) que é tradicionalmente recomendada para problemas gastrointestinais
- Evite laticínios, cafeína, álcool, alimentos gordurosos ou picantes, e alimentos crus por alguns dias
- Coma pequenas porções várias vezes ao dia, em vez de refeições grandes
4. Medicamentos
Em geral, é melhor deixar que a intoxicação alimentar siga seu curso natural, pois vômitos e diarreia são mecanismos do corpo para eliminar o agente causador. No entanto, alguns medicamentos podem ajudar a aliviar os sintomas:
- Antieméticos: Medicamentos para náuseas e vômitos, como dimenidrinato, podem ser usados se os vômitos forem intensos e impedirem a hidratação adequada
- Antidiarreicos: Medicamentos como loperamida podem ajudar a controlar a diarreia, mas não devem ser usados se houver febre alta ou sangue nas fezes, ou em crianças pequenas
- Analgésicos: Paracetamol pode ajudar a aliviar dores e febre
- Probióticos: Podem ajudar a restaurar a flora intestinal saudável
Atenção!
Consulte um médico antes de tomar qualquer medicamento, especialmente em casos de crianças, idosos, gestantes ou pessoas com condições médicas pré-existentes. Nunca tome antibióticos sem prescrição médica.
Quando buscar atendimento médico
Embora a maioria dos casos de intoxicação alimentar se resolva em poucos dias, algumas situações requerem atenção médica imediata:
Busque atendimento médico de emergência se:
- Houver sinais de desidratação grave: sede extrema, boca muito seca, pouca ou nenhuma urina, tontura severa ou desmaio, irritabilidade ou confusão
- A febre for superior a 38,5°C
- Houver sangue nas fezes ou vômito
- A dor abdominal for intensa ou localizada no lado direito inferior do abdômen
- Houver dificuldade para engolir ou respirar
- Houver visão turva, fraqueza muscular que se espalha pelo corpo ou fala arrastada (possíveis sinais de botulismo)
- Os sintomas persistirem por mais de 3 dias
- A pessoa afetada for uma criança pequena, idoso, gestante ou tiver sistema imunológico comprometido
Grupos de risco
Algumas pessoas têm maior risco de desenvolver complicações graves por intoxicação alimentar e devem buscar atendimento médico mais precocemente:
- Bebês e crianças pequenas
- Adultos com mais de 65 anos
- Gestantes
- Pessoas com sistema imunológico comprometido (por HIV/AIDS, câncer, diabetes, uso de corticosteroides ou outras condições)
- Pessoas com doenças crônicas do fígado, estômago ou intestinos
Prevenção da intoxicação alimentar
A melhor maneira de lidar com a intoxicação alimentar é preveni-la. Siga estas dicas para reduzir o risco:
Na compra e armazenamento de alimentos:
- Verifique a data de validade dos produtos
- Não compre embalagens danificadas ou estufadas
- Separe alimentos crus de alimentos prontos para consumo no carrinho de compras e na geladeira
- Refrigere ou congele alimentos perecíveis dentro de 2 horas após a compra
- Mantenha a geladeira a 5°C ou menos e o freezer a -18°C ou menos
No preparo dos alimentos:
- Lave as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes e depois de manusear alimentos
- Lave frutas e vegetais cuidadosamente antes de consumir
- Use tábuas e utensílios separados para alimentos crus e cozidos
- Cozinhe carnes, aves e ovos completamente (use um termômetro de alimentos para garantir a temperatura adequada)
- Descongele alimentos na geladeira, não à temperatura ambiente
- Não deixe alimentos cozidos à temperatura ambiente por mais de 2 horas
Ao comer fora:
- Observe as condições de higiene do estabelecimento
- Evite alimentos crus ou mal cozidos em locais de higiene duvidosa
- Em viagens, especialmente para países em desenvolvimento, beba apenas água engarrafada e evite gelo, saladas cruas e frutas não descascadas
- Evite alimentos vendidos por ambulantes sem condições adequadas de higiene
Conclusão
A intoxicação alimentar é uma condição comum que geralmente se resolve em poucos dias com cuidados adequados em casa. A hidratação é o aspecto mais importante do tratamento, seguida pelo repouso e reintrodução gradual de alimentos leves.
No entanto, é importante reconhecer os sinais de alerta que indicam a necessidade de atendimento médico, especialmente em grupos de risco. A prevenção, através de práticas adequadas de higiene e manipulação de alimentos, continua sendo a melhor estratégia para evitar a intoxicação alimentar.
Se você suspeitar que está com intoxicação alimentar, siga as orientações de primeiros socorros descritas neste artigo e não hesite em buscar ajuda médica se os sintomas forem graves ou persistentes.
Fontes
- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estimativas da carga global de doenças transmitidas por alimentos. 2022.
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Doenças Transmitidas por Alimentos. 2021.
- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação. 2020.
- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Food Safety. 2022.
Aviso: As informações contidas neste site são apenas para fins educacionais e não substituem orientação médica profissional. Embora nos esforcemos para fornecer informações precisas e atualizadas, não nos responsabilizamos pelo uso das informações aqui contidas. Em caso de emergência, sempre busque atendimento médico imediato.