Voltar para o Blog

Intoxicação Alimentar: Sinais e Condutas de Primeiros Socorros

15 Nov 2022
Dr. Carlos Felipe
Saúde

Busque atendimento médico se:

Houver sinais de desidratação grave, febre alta, sangue nas fezes ou vômito, dor abdominal intensa, ou se os sintomas persistirem por mais de 3 dias. Em crianças pequenas, idosos ou pessoas com sistema imunológico comprometido, busque ajuda médica mais cedo.

Intoxicação alimentar: sintomas e tratamento

A intoxicação alimentar ocorre quando consumimos alimentos ou bebidas contaminados por bactérias, vírus, parasitas ou toxinas. Os sintomas podem variar de leves a graves e geralmente começam algumas horas ou dias após a ingestão do alimento contaminado. Saber identificar os sinais e agir corretamente pode ajudar a aliviar o desconforto e prevenir complicações mais sérias.

Sabia que?

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 1 em cada 10 pessoas adoece por consumir alimentos contaminados a cada ano, e 420.000 morrem por essa causa. Crianças menores de 5 anos representam 40% dos casos, com 125.000 mortes anuais.

Principais causas de intoxicação alimentar

A intoxicação alimentar pode ser causada por diversos agentes, incluindo:

  • Bactérias: Salmonella, E. coli, Listeria, Campylobacter, Staphylococcus aureus, Clostridium perfringens, Bacillus cereus
  • Vírus: Norovírus, Rotavírus, Hepatite A
  • Parasitas: Giardia lamblia, Cryptosporidium, Trichinella
  • Toxinas: Toxinas naturais presentes em alguns cogumelos, peixes (como o baiacu) e mariscos

Os alimentos mais comumente associados a intoxicações alimentares incluem:

  • Carnes cruas ou mal cozidas, especialmente frango e carne moída
  • Ovos crus ou mal cozidos
  • Frutos do mar crus ou mal cozidos
  • Leite e produtos lácteos não pasteurizados
  • Frutas e vegetais não lavados adequadamente
  • Alimentos preparados em condições não higiênicas
  • Alimentos deixados à temperatura ambiente por muito tempo
  • Alimentos com data de validade vencida

Sintomas de intoxicação alimentar

Os sintomas podem variar dependendo do agente causador, da quantidade de alimento contaminado ingerido e do estado de saúde da pessoa. Geralmente, os sintomas aparecem dentro de algumas horas após a ingestão, mas em alguns casos podem levar dias para se manifestar.

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Náuseas e vômitos
  • Diarreia (que pode ser aquosa ou com muco)
  • Dores abdominais e cólicas
  • Febre
  • Dor de cabeça
  • Fraqueza e fadiga
  • Perda de apetite

Sintomas mais graves que requerem atenção médica imediata incluem:

  • Febre alta (acima de 38,5°C)
  • Sangue nas fezes ou vômito
  • Diarreia severa que dura mais de 3 dias
  • Sinais de desidratação (boca seca, pouca ou nenhuma urina, tontura severa)
  • Dificuldade para engolir ou respirar
  • Visão turva ou fala arrastada
  • Fraqueza muscular que se espalha pelo corpo

Primeiros socorros para intoxicação alimentar

A maioria dos casos de intoxicação alimentar é leve e pode ser tratada em casa. Aqui estão as medidas de primeiros socorros que você pode tomar:

1. Mantenha-se hidratado

A desidratação é a complicação mais comum da intoxicação alimentar devido à perda de líquidos através de vômitos e diarreia. É crucial repor os líquidos e eletrólitos perdidos:

  • Beba pequenos goles de água frequentemente
  • Soluções de reidratação oral (disponíveis em farmácias) são ideais, pois contêm os eletrólitos necessários
  • Água de coco natural, chás leves sem cafeína e caldos claros também são boas opções
  • Evite bebidas com cafeína, álcool e bebidas muito açucaradas, pois podem piorar a diarreia

Solução caseira de reidratação oral:

Se não tiver acesso a soluções de reidratação comerciais, você pode preparar uma versão caseira:

  • 1 litro de água filtrada ou fervida e resfriada
  • 1 colher de sopa de açúcar
  • 1 colher de chá de sal
  • Suco de meio limão (opcional, para melhorar o sabor e adicionar potássio)

Misture bem todos os ingredientes e beba em pequenas quantidades ao longo do dia.

2. Descanse o estômago

Nas primeiras horas após o início dos sintomas, especialmente se houver vômitos:

  • Evite comer alimentos sólidos por algumas horas
  • Quando os vômitos diminuírem, comece com pequenas quantidades de alimentos brandos
  • Evite alimentos gordurosos, picantes, lácteos e alimentos com alto teor de fibras até a recuperação completa

3. Reintrodução gradual de alimentos

À medida que você começar a se sentir melhor, reintroduza os alimentos gradualmente:

  • Comece com alimentos leves e de fácil digestão, como torradas, biscoitos de água e sal, arroz branco, purê de batata, banana, maçã ralada
  • Siga a dieta BRAT (Banana, Arroz, Maçã, Torrada) que é tradicionalmente recomendada para problemas gastrointestinais
  • Evite laticínios, cafeína, álcool, alimentos gordurosos ou picantes, e alimentos crus por alguns dias
  • Coma pequenas porções várias vezes ao dia, em vez de refeições grandes

4. Medicamentos

Em geral, é melhor deixar que a intoxicação alimentar siga seu curso natural, pois vômitos e diarreia são mecanismos do corpo para eliminar o agente causador. No entanto, alguns medicamentos podem ajudar a aliviar os sintomas:

  • Antieméticos: Medicamentos para náuseas e vômitos, como dimenidrinato, podem ser usados se os vômitos forem intensos e impedirem a hidratação adequada
  • Antidiarreicos: Medicamentos como loperamida podem ajudar a controlar a diarreia, mas não devem ser usados se houver febre alta ou sangue nas fezes, ou em crianças pequenas
  • Analgésicos: Paracetamol pode ajudar a aliviar dores e febre
  • Probióticos: Podem ajudar a restaurar a flora intestinal saudável

Atenção!

Consulte um médico antes de tomar qualquer medicamento, especialmente em casos de crianças, idosos, gestantes ou pessoas com condições médicas pré-existentes. Nunca tome antibióticos sem prescrição médica.

Quando buscar atendimento médico

Embora a maioria dos casos de intoxicação alimentar se resolva em poucos dias, algumas situações requerem atenção médica imediata:

Busque atendimento médico de emergência se:

  • Houver sinais de desidratação grave: sede extrema, boca muito seca, pouca ou nenhuma urina, tontura severa ou desmaio, irritabilidade ou confusão
  • A febre for superior a 38,5°C
  • Houver sangue nas fezes ou vômito
  • A dor abdominal for intensa ou localizada no lado direito inferior do abdômen
  • Houver dificuldade para engolir ou respirar
  • Houver visão turva, fraqueza muscular que se espalha pelo corpo ou fala arrastada (possíveis sinais de botulismo)
  • Os sintomas persistirem por mais de 3 dias
  • A pessoa afetada for uma criança pequena, idoso, gestante ou tiver sistema imunológico comprometido

Grupos de risco

Algumas pessoas têm maior risco de desenvolver complicações graves por intoxicação alimentar e devem buscar atendimento médico mais precocemente:

  • Bebês e crianças pequenas
  • Adultos com mais de 65 anos
  • Gestantes
  • Pessoas com sistema imunológico comprometido (por HIV/AIDS, câncer, diabetes, uso de corticosteroides ou outras condições)
  • Pessoas com doenças crônicas do fígado, estômago ou intestinos

Prevenção da intoxicação alimentar

A melhor maneira de lidar com a intoxicação alimentar é preveni-la. Siga estas dicas para reduzir o risco:

Na compra e armazenamento de alimentos:

  • Verifique a data de validade dos produtos
  • Não compre embalagens danificadas ou estufadas
  • Separe alimentos crus de alimentos prontos para consumo no carrinho de compras e na geladeira
  • Refrigere ou congele alimentos perecíveis dentro de 2 horas após a compra
  • Mantenha a geladeira a 5°C ou menos e o freezer a -18°C ou menos

No preparo dos alimentos:

  • Lave as mãos com água e sabão por pelo menos 20 segundos antes e depois de manusear alimentos
  • Lave frutas e vegetais cuidadosamente antes de consumir
  • Use tábuas e utensílios separados para alimentos crus e cozidos
  • Cozinhe carnes, aves e ovos completamente (use um termômetro de alimentos para garantir a temperatura adequada)
  • Descongele alimentos na geladeira, não à temperatura ambiente
  • Não deixe alimentos cozidos à temperatura ambiente por mais de 2 horas

Ao comer fora:

  • Observe as condições de higiene do estabelecimento
  • Evite alimentos crus ou mal cozidos em locais de higiene duvidosa
  • Em viagens, especialmente para países em desenvolvimento, beba apenas água engarrafada e evite gelo, saladas cruas e frutas não descascadas
  • Evite alimentos vendidos por ambulantes sem condições adequadas de higiene

Conclusão

A intoxicação alimentar é uma condição comum que geralmente se resolve em poucos dias com cuidados adequados em casa. A hidratação é o aspecto mais importante do tratamento, seguida pelo repouso e reintrodução gradual de alimentos leves.

No entanto, é importante reconhecer os sinais de alerta que indicam a necessidade de atendimento médico, especialmente em grupos de risco. A prevenção, através de práticas adequadas de higiene e manipulação de alimentos, continua sendo a melhor estratégia para evitar a intoxicação alimentar.

Se você suspeitar que está com intoxicação alimentar, siga as orientações de primeiros socorros descritas neste artigo e não hesite em buscar ajuda médica se os sintomas forem graves ou persistentes.

Fontes

  • ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estimativas da carga global de doenças transmitidas por alimentos. 2022.
  • MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Doenças Transmitidas por Alimentos. 2021.
  • AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação. 2020.
  • CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). Food Safety. 2022.

Aviso: As informações contidas neste site são apenas para fins educacionais e não substituem orientação médica profissional. Embora nos esforcemos para fornecer informações precisas e atualizadas, não nos responsabilizamos pelo uso das informações aqui contidas. Em caso de emergência, sempre busque atendimento médico imediato.

Artigos Relacionados

Intoxicação por produtos químicos

Intoxicação por produtos químicos: como identificar e o que fazer

Ler artigo
Desidratação: sinais e tratamento

Desidratação: como identificar os sinais e tratar corretamente

Ler artigo
Segurança alimentar em casa

Segurança alimentar em casa: dicas para evitar contaminações

Ler artigo